Estamos no setembro amarelo, e com ela a atenção para a prevenção do suicídio. Porém, dificilmente alguém comete suicídio sem antes passar por um ciclo depressivo.
Ainda carregamos certos conceitos sociais de que depressão seja coisa de quem não tem o que fazer, de quem não trabalha, ou que seja pura bobagem de um ser humano na posição de vítima.
De fato existem pessoas que utilizam de um momento de tristeza para potencializarem suas emoções e desta forma obterem ganhos secundários. Porém depressão é uma doença séria.
Sou estudioso do comportamento humano, trabalho com atendimentos individuais há mais de doze anos, escrevi quatro livros e já ministrei mais de quinhentas palestras no Brasil e no exterior.
Mesmo assim, a maior empatia surge quando passamos a viver aquilo que já estudamos ou que já vimos em histórias de pessoas conhecidas. Desta forma, utilizo este espaço para fazer um desabafo. Recentemente passei por um profundo processo de depressão.
Tive síndrome do pânico e pude vivenciar tudo aquilo que há anos ajudo a combater. Utilizei apoio de medicamentos e intensifiquei meu processo terapêutico. Hoje já estou muito melhor e justamente por isto posso afirmar: depressão não é bobagem.
Além disto, é importante fazer o alerta que não se cura um processo depressivo utilizando frases motivacionais. “Levante a cabeça”, “vamos sair”, “veja o sol”, “agradeça que você está vivo”, “podia ser pior”, “vamos nos divertir”, “você é capaz”, e outras tantas frases nestas linhas, neste momento, não causam efeito assertivo.
Assim como outras tantas doenças emocionais (ou momentos de emoções negativas), a empatia é sempre o melhor caminho.
Ter pena não é empatia. Ficar na posição de salvador não é empatia. Ser animador não é empatia. A base de um processo empático está na investigação.
Em primeiro lugar, perguntar para a pessoa o que ela está sentindo. “Porque você está pensando isto?”, “O que lhe leva a acreditar nesta possibilidade?”, “O que te faz acreditar que você não será capaz?”, “O que mais pode estar por trás desta tristeza?”, “Como que eu posso lhe ajudar?”, “O que você está precisando neste momento?”, “Do que você tem medo?”, “O que você tem força para fazer diferente?”.
A saída de uma depressão é feita através de acolhimento, aceitação e reflexão.
Levar a pessoa que está em profunda tristeza a refletir a própria vida consciente de que existam pessoas que se importam com ela.